domingo, 10 de abril de 2016

As pedaladas de Dilma são menores que as dos Tucanos.

Faz uns dias tive uma saudável discussão com uma pessoa a favor do Impeachment, a qual ela reconhecia que houve pedaladas em todos os governos anteriores, mas que a Dilma teria se excedido como nunca. Depois de dar uma breve olhada nos dados, mas sem calcular, apontei que as acusações contra a Dilma estavam levando em conta os pagamentos em números absolutos (ainda que corrigidos pela inflação), sendo que o mais importante era ver os números como proporção dos benefícios sociais, os quais cresceram muito nos governos petistas. Em anos de crise, é comum haver descasamentos entre o programado e o efetivado, pois é no ano anterior que se programam os valores. Assim, por queda de receita e aumento de beneficiários (seguro-desemprego, bolsa família, etc...) é comum ocorrer a tal pedalada, quando os governos atrasam os repasses aos bancos públicos, mas não existindo desvios ou roubos... No olho, achei que se bobear, as pedaladas dos governos FHC, poderiam ser maiores que as da Dilma, pois os números de FHC eram bem menores, mas o montante dos gastos sociais petistas também eram 3,8 vezes maiores. Eis que hoje fico sabendo que eu estava certo! Ver aqui! ("Além disso, desde 1994, o percentual de atraso de pagamento em relação ao montante de benefícios pagos nunca ultrapassou 7%, tendo alcançado o máximo em 2000 (6,23%). Esses dados constam das defesas da CAIXA e da AGU junto ao TCU." )

A questão é bem simples, a título de exemplo, se uma empresa A tem uma dívida de R$ 100 mil e a empresa B deve R$ 50 mil, podemos achar que A está em pior situação que B. Acontece que se o faturamento da empresa A for de R$ 1 milhão e da empresa B for de R$ 100 mil, A tem uma dívida de 10% do seu faturamento e B tem uma dívida de 50% do seu faturamento. A comparação entre Dilma e FHC deve ser feita nesses termos, como proporção do que movimentam e não um número qualquer para impressionar.
Ou seja, rasgaram toda a jurisprudência anterior e tentaram impor da cabeça do TCU, um limite para pedalada, sem haver Lei para isso. Agora, sabe-se que em termos proporcionais as pedalas do PT foram também menores. O TCU, portanto, contrariou todas as suas decisões anteriores em nome de um excesso do PT, mas eis que o excesso é apenas em número absoluto, pois os tucanos pedalaram mais em termos relativos. Isso quer dizer que eventuais crescimento de população, de política social, de crescimento do emprego com carteira assinada levarão inexoravelmente que se aumente o número de pagamentos. E em anos de crise, esses pagamentos serão em números absolutos maiores, levando a pedaladas maiores.... O TCU, simplesmente ignorou a matemática simples e o bom-senso. Claro que quando os "queridos" tucanos voltarem a governar, a interpretação voltará a ser como antes. É ou não é golpe???